7 de mar. de 2014

Ana Ingrata

 A confusão dos dias clareia as noites, não dando rumo e sim tirando de nós o sono. As pessoas que queremos longe tentam nos atrair, tolas que são! Acham que se fazendo de ovelhas enganarão um lobo velho, como eu. Entre caminhos bifurcados e cheios de sombras negras e densas me perco, e procuro não me afogar nesse oceano de terror que são os hipócritas, até tento ser melhor, mas, quem melhor se dá? E se a dúvida te encolerizar e te aprisionar em si mesmo dite o grito de guerra: “Ninguém morre nessa terra”. Pura verdade, ninguém morre aqui, aqui todos são mortos e se você está aqui e vivo, tenha a certeza que morrerá ou de pranto, de dor, falta de amor, ou morto por quem tanto amou. E como às aguas que não são tão calmas nesse oceano teu, olhe os panos de carne murcha que eu te dei, passa a mão no teu antigo rosto de pêssego, murchado pelo tempo. E eu fui generoso com você, você não sofreu de dor, nem falta de amor e ninguém que te ama te matou apenas eu farei isso por ti- a morte. Com sonhos e planos já todos destruídos pelo fim da vida, só te falta eu lhe dá a alegria de morrer. -Ana... Ana, você está bem? Ana, acorde, não faça desdém. Ana? Ana! Ana! ... E como tudo se acaba, você se acabou, mas ao menos foi feliz e isso não foi favor, foi apenas fruto e agora disfrute da eternidade, algo que tanto almejou. Só não sabia o que te esperava, prove então do desamor, amor, dor ou flor. Matou-se e fim, quem queria teu triste fim?



Jonathas Carvalho













6 de mar. de 2014

O amor

O amor me encontrou e que dúvida cruel ele me causou. Tenho medo. Medo do incerto, medo de você... E eu não tenho culpa se versos e poesias são como cheiros e beijos que espero receber de ti, que a cada verso me lembro dos teus olhos reluzindo em mim, e as minhas noites são curtas quando penso em ti... Será que realmente te amo? Será que vale a pena te amar? Correr o risco? Mas, todavia, porém, no entanto... São tantos os encantos que já discorri todo o céu num só sorriso teu. Perdoa o meu jeito desajeitado, perdoa a minha bela serenidade, perdoa, pois eu nem sempre vou saber dizer o quanto amo e, em alguns dias, se quer te amarei. Perdoa porque realmente te amo. E quem sabe amanhã será dia de sol, quem sabe os ventos levem as minhas folhas para perto de ti e o meu cheiro te acorde às seis da manhã, e o meu beijo te toque como se toca o vento na face. E que sejam doces os teus dias como são as águas dos rios, e que seja cheio de tempero nossos afetos, assim como o mar é salgado. Só me permita dizer que eu não sei, mas, de alguma forma, você me subtraiu adicionando e agora eu sou mais, mesmo tendo perdido tanto, ganhei teu amor e o meu desde agora te dou. 

Jonathas Carvalho


Ensaio sobre a liberdade.

Preciso de todo corpo e alma libertar-me de mim. Efêmera em potencial, crio personagens para que eu mesma perdure. Como se isso fosse bom, prendo-me a cada papel e gesto. Sou várias em uma. E se fosse apenas de mim, tanto faz. Mas todo mundo joga do mesmo jogo e prova da mesma mentira. Preciso de todo corpo e alma entender-me bem assim: sendo quem sou. E o que sou? Sou muitas dentro de mim, e juntas fazem de mim um erro andante. Ambígua. Duplamente forjada. Despreparada paro o verdadeiro. 
E quando achar alguém que queira ser verdadeiro comigo, mentirei. Sem liberdade, já reconheço que mentirei antes mesmo do ato. E sigo em atos e cenas. Quem atua comigo? Quem sabe de todas as minhas verdades? E se isso fosse só de minha parte, tanto faz. Mas aprendi com alguém, e outros alguéns aprenderam também. Não sei com quem, mas sei que sim. Porque penso que vou ferir e me firo. Penso que voltarei ilesa, mas quase nunca volto bem —  e isso quando volto. Eu queria entender onde encontro a liberdade. Acho que ela foge de mim, mas foge com medo de que, quando enfim conseguir pega-la, não solte-a jamais. Acho que a liberdade também quer ser livre. E a gente deixa. Queria entender por que desistimos fácil. E com que fim fazemos isso. Por que fazemos isso?

Narah Adjane.


21 de fev. de 2014

Guia dos travesseiros.

Guia dos travesseiros, sei que não és a mais bela canção ... Sonhos são tão patéticos, mas quem não é? As janelas são como os sonhos. Almejo por eles ao amanhecer, almejo abrir as janelas, mas tenho sono... Me deito, então me levanto. Com as costas nuas prossigo na direção da luz, luz do luar, lua do sol, luz solar, lua só lá na minha janela. Venezianas entreabertas, sonhos de canções são os ventos que passam pelos seus espaços miúdos... A vida nada é, nós nada somos, janelas revelam verdades, levanta de cama, deixa de sono. 

Jonathas Carvalho


19 de fev. de 2014

Narah, Narah, Narah...

A paz que exala é tão doce como o nome Narah. Cabelos longos serve-lhe de panos e seu
sorriso nada fala, apenas cala e feliz.. As mãos em volta do próprio corpo exalam amores, 
abraços e dores, talvez cansaço, mas "Narah" se compara a satisfação que tem. Vai, relaxa! 
Cabelos molhados, embaraçados, vida vivida mesmo! Nada de mal humor, nada de mal 
caráter, meu nome é Narah, eu sou apenas o que sou. Sou nada, nada em mim, vem 
surgir, nada de fugir, nada aqui... Narah, Narah, Narah...

Jonathas Carvalho